Vagabond

Vagabond conta a história de Miyamoto Musashi, o mais famoso e idolatrado samurai do Japão, na visão de Takehiko Inoue.

Musashi (1584 ~ 1645) viveu num período de transição do Japão, onde os tradicionais métodos dos samurais eram aos poucos substituídos por armas de fogo, ainda que muito arcaicas nessa época. Nasceu na vila Miyamoto e nunca foi derrotado em batalha, mesmo lutando contra mais de 60 adversários, sendo que em algumas contra 2 ou mais guerreiros ao mesmo tempo. Sua maior proeza provavelmente foi ter criado o estilo de luta com duas espadas, batizado de Niten Ichi Ryu.

Além de se tornar um duelista imbatível, Musashi também se dedicou à arte da caligrafia e escultura, chegando a publicar a sua obra prima, o "Gorin No Sho", traduzido como O Livro dos Cinco Anéis e também conhecido como o Livro dos Cinco Elementos.

No entanto, Inoue não se baseou no Livro dos Cinco Anéis para trabalhar em Vagabond. Entre os anos de 1935 e 1939 foram publicados os capítulos de "Musashi", de Eiji Yoshikawa, em um Jornal japonês. O autor não se prendeu muito aos fatos históricos e romanceou a história de Musashi neste livro. E é nesta obra que Takehiko Inoue se inspirou para começar a desenhar Vagabond.

O traço deste mangá é marcante. Ouso dizer que está entre os melhores e mais inspirados dos mangás publicados até hoje. As expressões, a filosofia do traço, tudo flui de maneira impecável. Os cenários são incríveis e em algumas cenas chegam a assustar o leitor, tamanho o detalhamento. Inoue varia muito nos materiais que usa para desenhar, inclusive usa pincéis "modificados" por ele mesmo. Indiscutivelmente a vida flui pelos traços de Vagabond.

E não é só isso, a história e os acontecimentos geram uma filosofia neste mangá que abre a mente de qualquer um que o leia, e nos instiga a pensar de um modo diferente, não deixando o roteiro cair numa mesmice de batalhas infindáveis, estas que também merecem um destaque. Os conflitos variam desde uma simples luta, com sangue jorrando, cabeças e membros caindo perante o balé de espadas, à batalhas espirituais, em que algo muito além da matéria está envolvido, e o guerreiro que estiver com o espírito em harmonia com a situação prevalecerá.